Falando em saúde mental na população negra, sabe-se que o Brasil é o país com o maior número de pessoas negras fora da África, e é a segunda maior população de pessoas negras em todo o mundo.
A população negra sofre desde o ventre, estando sempre em desvantagem quando se coloca na balança os indicadores como renda, educação, moradia, emprego e, principalmente entre outros fatores, saúde mental.
Em meio à pandemia, os fatores citados acima se intensificaram e a soma com desigualdade e exclusão que são submetidos, resultaram em um aumento na busca por terapia pela população negra.
No entanto, estes mesmos fatores tornam o percurso cheio de obstáculos para chegar até a terapia, pois nem todos os profissionais de saúde compreendem estes aspectos e isso dificulta o processo terapêutico.
Atendimento psicológico para a população negra
O racismo estrutural precisa ser levado em consideração quando um paciente procura por atendimento. Muitas vezes ele chega escondido por trás de outros fatores citados como “aceitos” pela sociedade, com um objetivo consciente de não expressar sua dor.
Para que haja um processo de evolução, de autoconhecimento e de fortalecimento, o profissional de saúde precisa ter a sensibilidade de enxergar esses fatores, para que haja acolhimento e conforto, de modo que o paciente consiga se desenvolver.
É papel do profissional da área da psicologia direcionar o paciente, compreendendo toda sua singularidade diante dos fatores do racismo estrutural.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil também é o país com a maior prevalência de ansiedade no mundo e o segundo nas Américas no tema depressão. E o racismo influencia esses rankings.
Situações de discriminação, sejam elas explícitas ou sutis, produzem estresse e traumas que, acumulados ou vivenciados de maneira mais intensa, podem desencadear, a longo prazo, transtornos psicológicos.
Infelizmente ainda são comuns relatos de episódios de racismo e humilhação vivenciados por pessoas negras na infância, principalmente no ambiente escolar.
Temos também o preconceito no emprego como causa de sofrimento psíquico, assim como o tratamento diferenciado que estas pessoas recebem em estabelecimentos públicos e privados (inclusive de saúde), estando ainda sempre mais expostas à violência policial, causas que contribuem diretamente na vivência de frustrações e constrangimentos decorrentes do pertencimento racial.
Tudo isso pode desencadear sentimentos de desvalorização e inadequação, com um custo emocional imediato ou posterior.
Pesquisas nesse campo relatam que os negros apresentam maiores índices de estresse crônico e que a experiência do racismo não só está associada ao desenvolvimento de uma identidade racial negativa, como ao aparecimento de quadros depressivos. Abundam evidências conectando a vivência do racismo, com o surgimento de problemas que vão da ansiedade ao estresse pós-traumático.
Conscientização é uma necessidade urgente
Com tudo isso em mente, precisamos estabelecer com urgência ações de fortalecimento da identidade étnico-racial e enfrentar os estigmas e repercussões do racismo na saúde mental. Aliadas as políticas de promoção da igualdade racial, essas medidas também são formas de produzir melhor qualidade na saúde e de vida, visando contribuir ao bem-estar de modo geral para a população negra.
Nós da C4life apoiamos as políticas de promoção do bem-estar e da igualdade racial. Juntos podemos lutar por uma sociedade mais consciente sobre assuntos essenciais, como o racismo estrutural e as formas de combatê-lo. Clique aqui para nos conhecer melhor!